Estava a passear por entre os milhares de livros que me foram deixados pelo meu pai, quando de repente, vejo um título que me chamou à atenção... Provérbios Portugueses... Pensei para mim, "que merd@ é esta?", mas não resisti em abri-lo e ler um pouco da sabedoria popular:
"No Natal, bico de pardal."
"Chovendo em Novembro, Natal em Dezembro."
"Quem de empreitada deu, que culpa tenho eu?"
E por daí em diante...
Ri-me, depois fiquei pensativo, depois ri-me... O que querem realmente dizer estes provérbios? Quem é que os inventa? Mas sobretudo... Para que servem?
Se, para as duas primeiras questões não tenho uma resposta conclusiva, para a terceira pergunta poderei elucidá-lo(a) com um grau de certeza bastante aceitável, (com tendencia a extremamente aceitável ás segundas, quartas e sextas... se está num destes dias, parabéns!).
Os provérbios servem para ocupar espaço nas conversas... Quando não há mais nada a dizer, solta-se o provérbio! (em género de bitaite)
Um exemplo:
Dois amigos encontram-se depois das eleições...
Amigo 1 - Então Ramiro, estás cá hoje?! (primeira consideração pateta... se está ali, é óbvio que está ali hoje).
Amigo 2 (que ficámos a saber que se chama Ramiro) - É verdade Zeca...
Amigo 1 (que sabemos agora tratar-se de Zeca, pela boca de Ramiro, AKA Amigo 2) - Então em quem é que votastes? (Zeca, provavelmente terá a quarta classe, não mais, e fará certamente ao longo desta pequena parábola uso de expressões tais como, "fizestes", "dissestes", ou "comestes").
Ramiro - Olha lá, o voto é secreto...
Zeca - Mas tu não dissestes que ías votar no Sócrates? (lá está...dissestes, eu parece que estava a adivinhar).
Ramiro - Disse... e votei. O homem tem feito um bom trabalho... A malta é que não quer trabalhar...
Zeca - Fizestes bem.
Ramiro - ...
Zeca - Alguém tem de mandar nisto.
Ramiro - ...
Zeca - Senão andava tudo aí à porrada.
Ramiro - ...
Zeca - Olha, "Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão."
Ramiro - Então até amanhã...
Zeca . Até amanhã...
Como se viu, não havia mais nada a dizer... ainda assim, Zeca teve a necessidade de usar um provérbio...
Porque é que este hábito está tão enraizado em Portugal?!
Nesta pequena parábola identificámos ainda dois erros graves do povo Português... Utilizar provérbios para encher conversas e votar em José Sócrates... Não necessáriamente por esta ordem...
Hugo Barreiros
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1 comentário:
o trabalho de dramaturgia ao longo do escrito é deveras interessante. qualquer Miguel Graça ou Ana Coelho se orgulhariam, digo eu :)
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