quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O Provérbio Português... (ou o que se diz quando não há nada a dizer)

Estava a passear por entre os milhares de livros que me foram deixados pelo meu pai, quando de repente, vejo um título que me chamou à atenção... Provérbios Portugueses... Pensei para mim, "que merd@ é esta?", mas não resisti em abri-lo e ler um pouco da sabedoria popular:

"No Natal, bico de pardal."

"Chovendo em Novembro, Natal em Dezembro."

"Quem de empreitada deu, que culpa tenho eu?"

E por daí em diante...

Ri-me, depois fiquei pensativo, depois ri-me... O que querem realmente dizer estes provérbios? Quem é que os inventa? Mas sobretudo... Para que servem?

Se, para as duas primeiras questões não tenho uma resposta conclusiva, para a terceira pergunta poderei elucidá-lo(a) com um grau de certeza bastante aceitável, (com tendencia a extremamente aceitável ás segundas, quartas e sextas... se está num destes dias, parabéns!).

Os provérbios servem para ocupar espaço nas conversas... Quando não há mais nada a dizer, solta-se o provérbio! (em género de bitaite)

Um exemplo:

Dois amigos encontram-se depois das eleições...

Amigo 1 - Então Ramiro, estás cá hoje?! (primeira consideração pateta... se está ali, é óbvio que está ali hoje).

Amigo 2 (que ficámos a saber que se chama Ramiro) - É verdade Zeca...

Amigo 1 (que sabemos agora tratar-se de Zeca, pela boca de Ramiro, AKA Amigo 2) - Então em quem é que votastes? (Zeca, provavelmente terá a quarta classe, não mais, e fará certamente ao longo desta pequena parábola uso de expressões tais como, "fizestes", "dissestes", ou "comestes").

Ramiro - Olha lá, o voto é secreto...

Zeca - Mas tu não dissestes que ías votar no Sócrates? (lá está...dissestes, eu parece que estava a adivinhar).

Ramiro - Disse... e votei. O homem tem feito um bom trabalho... A malta é que não quer trabalhar...

Zeca - Fizestes bem.

Ramiro - ...

Zeca - Alguém tem de mandar nisto.

Ramiro - ...

Zeca - Senão andava tudo aí à porrada.

Ramiro - ...

Zeca - Olha, "Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão."

Ramiro - Então até amanhã...

Zeca . Até amanhã...

Como se viu, não havia mais nada a dizer... ainda assim, Zeca teve a necessidade de usar um provérbio...

Porque é que este hábito está tão enraizado em Portugal?!

Nesta pequena parábola identificámos ainda dois erros graves do povo Português... Utilizar provérbios para encher conversas e votar em José Sócrates... Não necessáriamente por esta ordem...

Hugo Barreiros

1 comentário:

Sofia disse...

o trabalho de dramaturgia ao longo do escrito é deveras interessante. qualquer Miguel Graça ou Ana Coelho se orgulhariam, digo eu :)